TONY TCHEKA
POVO ADORMECIDO
Há chuvas
que o meu povo nâo canta
há chuvas
que o meu povo nâo ri
Perdeu a alma
na parede alta do macaréu
Fala calado
e canta magoado
Vinga-se no tambor
na palma e no caju
mas o ritmo nâo sai
Dobra-se sob o sikó
como o guerreiro vergado
cala o sofrimento no peito
O meu povo
chora no canto
canta no choro
e fala na garganta do bombolon
Grei silêncio
quebrado
nas gargalhadas de Kussilintra
em quedas de agua
moldando pedras
esfriando corpos
esculpidos
no corpo do bissiâo
Bissau, 1993
BATUCADA DA NOITE
Bissau cresce
quando o sol desce
vem com o fio da noite
e só adormece
quando amanhece
O alcohol
e o week-end
inflaman corpos
cheios de adornos
Na noite
há insónias
e sónias de moitos nomes
nâo é só o mote
aquí há funky
há merengada
e antilhesas na madrugada
Lufadas de amor
moldam corpos
suarentos de ardor
há um saracoteio
permanente
na passarelle da noite
sedas flutuantes
coxas remexendo
num sincopado
que da síncope
O odor
mastiga o ar
sem pudor mistura-se
confunde-se
catinga
chanel
paco rabane
água cheiro
suor
e dior
ça va comme ça...
tudo muito very special
O old scotch
dá o toque final
É fatal
afinal porque nâo...
A batucada cresce
abre o espaço
a cidade nâo dorme
Bissau, 1985
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