XII
A Uxia e o Pau
Uxia combinou com o Pau às dezessete horas na praia da Malvarossa, a subida das temperaturas fazia agradável despir-se e deitar-se numa toalha para que o sol nos fornecesse.
Deitada de barriga no chão olhava com os olhos entreabertos o corpo do Pau, ele excitava o seu interior e sentia um formigar no baixo ventre ao mesmo tempo em que a xoxota ficava umedeada. “Teria ele os mesmos sentimentos? Porque não arriscar?”.
Sem pensar mais pôs-se acima dele e depois de dois beijos nos que apenas roçaram os lábios começaram a beijar-se apaixonalmente. Quando pararam ele diz “Obrigado”
“Obrigado?”
“Sim, eu sou moito envergonhado e não sabia que fazer ou dizer porque gosto de ti, estou a endoidecer e já não sabia que fazer, e pensava em não voltar a olhar para ti”
“Uf! Uf! Uf!!! Mas eu estou aqui e gosto de ti. Sei que as carências emocionais das nossas famílias e do entorno, provoquem em nós confusão, dúvidas, desconfiança, não acreditar em quem nos quer e acreditar naquele que nos faz as beiras só para passar um momento misturando fluidos”
Continuaram a beijar-se enquanto a luz do dia dava passo a uma obscuridade iluminada pelo luar sobre o mar.
“A minha mãe demora em voltar, vamos para o meu quarto?”
…
Maruxa e Brais
Ia para três anos desde aquele primeiro encontro para jantar peixe-espada “torrado”, que foi para o lixo, mas que nos pôs frente a frente, olho a olho, lábio a lábio, queixo a queixo, até que os dois corpos se fundiam num só, entrelaçando as extremidades até a evasão, e o não pensar.
Ia para dois anos e meio de a fogosidade dos seis primeiros meses, passava o tempo, e passava “tão depressa que não se pára a falar com ninguém”, ia para um ano que Maruxa deixara de trabalhar na peixaria, ia para seis meses da gravidade de Maruxa; e estavam a viver nessa quase-normalidade que dá a monotonia do decorrer do tempo, as situações repetem-se dia a dia, obrigando assim a viver no costume.
Mas é moito fina a linha que está a separar o êxito do fracasso, como já dizera Shackleton na sua viagem a Antártida; decaído e com aparença triste assim chegou a almoçar Brais.
- O escritório fecha no fim do mês.
Os anos adicados ao mesmo permitíranlhe pagar a Segurança Social e ter direito a doze meses de ordenado e tempo para procurar outro trabalho, mais a sua idade nâo ser tarefa doada.
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Berta e X
O trabalho no Tarrafal já era monótono, conhecia o dia a dia da vila, das suas gentes. Depois de uns meses e próxima a chegar a época das chuvas, Berta voltava a sentir a necessidade de trocar, mudar, de continuar o seu percurso, esperar a comunicação da recisâo uma vez rematada a época seca dava-lhe o empurrão necessário para fazer de novo as malas.
Nos últimos meses posso poupar dinhiero suficiente para tentar sair das ilhas caminho da Europa. Esse destino onde vivem bem, o lugar em que poderia ter tudo aquilo que via pela televisão, um bom carro, uma casa com jardim, roupa para cada evento ao que ir, tocar no B. Leza de Lisboa apresentando o seu disco “Cavaquinho blues”, teria diferentes amantes e algum dia voltaria para Châ.
- Bom dia, queria tomar uma bica
- Eh? Que! – exclamou enquanto voltava a realidade do balcão do bar.
- Uma bica, faz favor.
- Não, sinto, mas eu tenho que ir. De a serio, sinto. Até logo.
Deixou em cima do balcão o avental e o pano e saiu caminho do seu quarto no segundo andar. Em quanto tomava um duche ouviu berrar o seu nome pelo chefe do restaurante, quem foi ao local perante as petições do cliente.
- Berta!!!!!
- Não sei que passou. Eu nâo lhe fez nada, só pedi uma bica.
Meia hora depois com a mala preparada, apresentou-se perante o patrão, contou lhe a sua intenção necessidade de seguir caminho <<>>.
Receveu o dinheiro correspondente e depois da despedida, foi à procura de um “aluguer” para a cidade de Praia.
As quatro da tarde estava no cais do porto à procura de uma embarcação caminho da Europa.
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